Radicalismo não é extremismo

Embora a palavra radicalismo e a palavra extremismo tenham acepções muito semelhantes em linguagem coloquial, sustento muito enfaticamente que essa quase coincidência de acepções constitui uma infelicidade e até mesmo uma tragédia, pois ela nos impede de analisar criticamente situações em relação às quais deveríamos nos debruçar mais detidamente.

Ser radical significa ir à raiz das coisas. Quem vai à raiz das coisas vai enxergar a enorme complexidade do mundo e por esta singela razão assumirá uma postura ponderada; se, além disso, tiver a lucidez mínima que é esperada para espíritos que se proponham a mergulhar na raiz das coisas, então essa pessoa tomará atitudes bem pensadas e por conseguinte, orientar-se-á no sentido de agir segundo procedimentos e comportamentos sensatos. O radical, portanto, é um ponderado, moderado e sensato, posto que rege as suas atitudes tendo por base princípios sólidos, o que não significa, obviamente, inflexibilidade.

Ser extremista significa não ir à raiz das coisas. Aquele que não vai à raiz das coisas e, por conseguinte, fica apenas na sua superfície enganadora, se expõe imprudentemente às lavagens cerebrais mais perversas e estúpidas tão largamente disseminadas pelo preconceito, pela apologia da ignorância, pela satisfação diante da obscuridade e pelo ódio à educação. O extremista, diferentemente do radical, não mergulha na crítica, pois tem ódio da discussão crítica aberta e democrática. Pelo fato de ser avesso à reflexão, o extremista toma atitudes movidas simplesmente pelo ódio e pela sua irreflexão imediata.

O assassinato crudelíssimo da vereadora Marielle Franco no Rio de Janeiro e o apedrejamento acompanhado de balas nada perdidas à caravana do ex Presidente Luiz Inácio Lula da Silva são atitudes extremistas covardes e provenientes de segmentos retrógrados que além de não enxergarem mais do que a superfície nublada e enganadora das coisas, são inimigos ferozes da discussão crítica, da inteligência e da democracia.

O radical democrático, e deste modo radicalmente comprometido com o Estado de Direito, rejeita com ênfase a violência tão descabida desses trogloditas, cuja única filosofia é a do extermínio; esses extremistas trogloditas assumem o fascismo na sua expressão mais evidente e tenebrosa.

CRÉDITO:

http://gazetaweb.globo.com/gazetadealagoas/noticia.php?c=323376#.WuIFFmVJKmc.whatsapp