14/01/2019
Atualizada: 18/01/2019 14:21:12


Tramita no STF o julgamento de três ações de inconstitucionalidade contra a lei 7.800/16 de Alagoas, que estabelece uma espécie de mordaça ou censura para os professores.

É o próprio futuro da educação brasileira, que está para ser julgado. De um lado quem tem medo do conhecimento e do outro quem tem medo da ignorância. Esse projeto nasceu do medo que alguns pais têm de que seus filhos sejam diferentes deles.

Como disse Gibran: “vossos filhos, são os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma... e embora vivam convosco, não vos pertencem. Podeis outorga-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos. ”

Daí decorre que essa lei busca, apesar das boas intenções (qual seja proteger os filhos), algo antinatural.

Detém em si, portanto, o germe do fim da civilização humana, posto que pretende emoldurar os filhos de forma permanente e imutável na figura de seus pais.

Citando mais uma vez Gibran, temos a dizer: “vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas. O Arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a Sua força para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.”

Carl Sagan em seu livro “o mundo assombrado pelos demônios”, denuncia que o obscurantismo e a anticiencia se aproveitam de distorções logicas para fazer parecer que seus argumentos têm embasamento teórico-cientifico.

Não sem razão, os idealizadores dessa lei, se aproveitam de falsas pesquisas, e distorcendo dados, afirmam que “os professores abusam da audiência cativa de seus alunos para incutir-lhes seus ideais”.

Para que a humanidade sobreviva é importante que as novas gerações evoluam e isso implica necessariamente em mudança e aprimoramento da vida social; o que, convenhamos, não seria possível caso as inclinações ideológicas dos pais fossem cristalizadas nos filhos.

Portanto, que se registre aqui, que o que move os que se opõem a essa lei, não são ideais esquerdistas, mas sim, humanistas.

Em 10 de maio de 1933, em Berlim, estudantes nazistas liderados por Goebbels​​, queimaram livros de autores judeus como Freud, Marx e Einstein. Galileu em 1663 foi obrigado a negar suas descobertas e condenado a prisão sem fim, sendo apenas, em 1983, absolvido pela Igreja. Sócrates, em 399 a.C., acusado de corromper os jovens, foi condenado a beber cicuta; Giordano bruno, em 1600, foi queimado e Hypatia de Alexandria, 415 d.C., foi derrubada de sua carruagem, quando se dirigia à academia onde lecionava, arrastada pelos cabelos até uma igreja, onde teve suas vestes e sua pele arrancadas por pedras de cerâmica, até sua morte. O assassinato de Hypatia é o marco inicial dos mais de mil anos de trevas nos quais a humanidade mergulhou.

Há um proverbio que diz: é melhor acender uma vela, que praguejar contra a escuridão. Que se faça a luz e que esta se propague sem censura ou mordaças.

Fonte: Artigo de Betânia Pereira - advogada da ADI 5580 (inscrição OAB-AL nº 4731)

2024

Adufal - Associação dos Docentes da Universidade Federal de Alagoas

Acesso Webmail