15/10/2019
Atualizada: 16/10/2019 12:20:04

Reprodução TVE Alagoas/Youtube

É com grande pesar que a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Alagoas (Adufal) comunica o falecimento de Dirceu Acioli Lindoso, grande jornalista, tradutor, poeta, romancista, antropólogo, etnólogo e historiador alagoano. A diretoria presta sua homenagem e solidariedade a todos os familiares e amigos neste momento difícil.

Natural de Maragogi, Lindoso recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Ufal no ano de 2011. O historiador contribuiu imensamente para as Ciências Humanas e para a produção historiográfica e cultural do estado.

O velório ocorre nesta terça-feira (15), a partir das 16h, na Casa Jorge de Lima, na praça Sinimbu. O sepultamento será realizado nesta quarta-feira (16), às 10h, no Cemitério Nossa Senhora da Piedade, próximo à praça da Faculdade.

Estão entre suas principais obras “A utopia armada: rebeliões de pobres nas matas do Tombo Real”, “O Grande Sertão: os currais de boi e os índios do corso”, “Lições de etnologia geral: introdução ao estudo de seus princípios: seguido de dois estudos de etnologia brasileira”, “Interpretação da província: estudo da cultura alagoana”, “O poder quilombola: a comunidade mocambeira e a organização social quilombola”, entre inúmeras outras de igual importância.

"O intelectual Dirceu foi um homem de muitos talentos, irreverente, autodidata. Não se ateve a instituições acadêmicas – Que bom! Fora da Universidade, Dirceu passeou com liberdade por temas os mais diversos, bem à maneira de seu espírito livre. Seu valor como intelectual, para nós, cientistas sociais, e para profissionais de áreas afins, é imenso. Dirceu escreveu sobre o território alagoano como poucos, abordou eventos, épocas, regiões, de maneira sagaz e poética. Produziu muitos livros. E partiu. Deixou-nos com sua escrita fluente e erudita. Dirceu vive em seus livros", relata a professora do Instituto de Ciências Sociais da UFAL Rachel Barros, em seu texto de homenagem ao professor Dirceu Lindoso. Confira o texto na íntegra abaixo.
 

Um Brinde a Dirceu

Morreu Dirceu na madrugada de hoje.

Dirceu era muitos.

Partiu deixando um buraco no peito daqueles que o conheceram mais de perto. E uma lacuna imensa na reflexão sobre Alagoas. Foi um grande inspirador na formação de uma geração de antropólogos, sociólogos, historiadores que lhe seguiram os passos ou o tomaram sua obra como inspiração. Dirceu transitava com elegância em áreas diversas: História, Antropologia, Literatura... Sua partida deixa saudades: saudades do intelectual, do pesquisador, do tradutor e do homem.

Conheci Dirceu Lindoso no final dos anos 90. Eu havia ido à sua casa, em Maragogi, acabara de ler o seu Alagoas Boreal e estava muito animada com a possibilidade de uma conversa com ele. Fui sem avisar e, chegando, apresentei-me e pedi desculpas por ter ‘invadido’ sua casa sem aviso prévio. Ele, muito simpático, cumprimentou-me e me levou a um terraço no primeiro andar, de onde se podia ver boa parte de Maragogi. Então me disse: “você está preocupada de ter invadido minha casa, mas olhe (e apontou a vastidão de terras que víamos daquele terraço alto), tudo isso aqui foi invasão”, e rimos muito.

O intelectual Dirceu foi um homem de muitos talentos, irreverente, autodidata. Não se ateve a instituições acadêmicas – Que bom! Fora da Universidade, Dirceu passeou com liberdade por temas os mais diversos, bem à maneira de seu espírito livre. Seu valor como intelectual, para nós, cientistas sociais, e para profissionais de áreas afins, é imenso. Dirceu escreveu sobre o território alagoano como poucos, abordou eventos, épocas, regiões, de maneira sagaz e poética. Produziu muitos livros. E partiu. Deixou-nos com sua escrita fluente e erudita. Dirceu vive em seus livros.

Dirceu também vive nas homenagens que nós do Instituto de Ciências Sociais (ICS) tivemos a honra de lhe prestar: o título de doutor honoris causa concedido pela Universidade Federal de Alagoas e a medalha Manuel Diégues Júnior, durante evento comemorativo dos 10 anos do ICS. Mas Dirceu tem muitos títulos. Todos merecidos. E outros tantos que deveria ter. Todo pesquisador que escolhe Alagoas como objeto de estudo conheceu ou irá conhecer Dirceu Lindoso, autor indispensável para pensar esse local. Dirceu eterno. Viverá através da sua obra e também através das produções que lhe dão vida. É esse mesmo o sentido da frase tão conhecida: ‘vai-se o homem e a obra fica’.

Como diria o poeta: outros passarão, Dirceu passarinho.

 

                                                                                                        Rachel Rocha de Almeida Barros

                                                                                                      Instituto de Ciências Sociais da UFAL

 

 

Fonte: Ascom Adufal

Dirceu Lindoso recebendo o título Doutor Honoris Causa da Ufal, pela reitora Ana Dayse
Dirceu Lindoso recebendo o título Doutor Honoris Causa da Ufal, pela reitora Ana Dayse Ascom Ufal

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