05/06/2020
Atualizada: 05/06/2020 15:10:37

Imagem de Nico Wall por Pixabay

Neste dia 5 de junho falaremos de nossas angústias. Sim, falaremos de nossas angústias e de nossos medos. Medo de perdermos a vida, medo de estarmos diante de uma inflexão socioespacial jamais pensada.

Neste dia 5 de junho falaremos da inoperância do Estado. Falaremos do desrespeito com que brasileiras e brasileiros são tratados cotidianamente. Falaremos e pontuaremos a covardia daqueles que usufruindo dos seus podres poderes aguardam o momento do sepultamento dos seus mortos para legitimarem impetuosamente a barbárie de nosso massacre ambiental. Massacre dos povos indígenas, dos sem-terras, dos sem-teto, dos que morrem de fome na fila por um auxílio que nunca chega.

Neste dia 5 de junho falaremos dos pescadores e das marisqueiras sentenciados pelos impactos ambientais promovidos pelo vazamento de óleo nas praias do Nordeste. Sentenciados sim pela ausência de políticas ambientais que promovam condições salutares de trabalho e de vida. Falaremos dos embates e conflitos travados nas áreas de proteção ambiental. Falaremos da bravura dos povos litorâneos da costa do Nordeste brasileiro que sem a presença atuante do Estado limparam e protegeram suas praias na busca por salvar vidas.

Neste dia 5 de junho falaremos das nossas florestas e dos povos que nela vivem. Falaremos dos massacres que são cometidos cotidianamente. Falaremos da inoperância de nossos governantes que vergonhosamente desfazem de vidas. Vidas secas, vidas esquecidas há tempos. Vidas à margem de reconhecimento e proteção. Falaremos, sim, pelo direito à vida, à terra.

Neste dia 5 de junho falaremos da indignação e da luta de muitos jovens, cidadãos que, em meio à Pandemia, romperam seus confinamentos, gritaram o seu silêncio de séculos e foram às ruas clamar por reconhecimento, pela vida de mulheres negras e homens negros. Falaremos do direito ambiental de todos. Direito à cidade, direito à terra, direito a uma vida de direitos.

Neste dia 5 de junho falaremos dos moradores dos bairros Pinheiro, Mutange, Bom Parto, Bebedouro, localizados na cidade de Maceió. Vítimas de um sistema econômico que privilegia as atividades mineradoras na cidade em detrimento da segurança de milhares de pessoas que nela vivem. Falaremos de como a renda define o risco ambiental que cada vida está submetida. Falaremos da naturalização dos impactos ambientais. Falaremos das vítimas das mineradoras que espalhadas por todo o território brasileiro aguardam silenciosamente suas sentenças de morte.

Neste dia 5 de junho falaremos de uma educação ambiental crítica. Falaremos de uma educação que questione as desigualdades sociais que assolam nossos espaços cotidianos. Falaremos de uma educação ambiental que debata o consumo exacerbado que alimenta um sistema econômico perverso. Falaremos de uma educação ambiental que ilumine um discurso de uma sustentabilidade social em detrimento do alienante discurso por um desenvolvimento econômico que sustenta e legitima o opressor a permanecer no lugar eterno de privilégio.

Neste dia 5 de junho falaremos a todas e a todos estudantes de nossa universidade que a educação ambiental presente no Núcleo de Educação Ambiental do Centro de Educação da Universidade Federal de Alagoas permanecerá aguerrida por novos dias de luta, novos ambientes de debate e novas ações.

Sim, continuaremos a refletir, a nos posicionar e a lutar pelo Meio Ambiente e por justiça socioambiental, certos de que nada poderá ser feito se não houver uma coletiva educação e consciência ambiental! 

Avante por um ambiente que promova novos e melhores meios de vida para todas e todos!

 

Profa. Dra. Mariana Guedes Raggi
Coordenadora do Núcleo de Educação Ambiental
CEDU/UFAL

Prof. Dr. Jório Bezerra Cabral Júnior
Vice-Coordenador do Núcleo de Educação Ambiental
IGDEMA/UFAL

 


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