Cinco dias após o anúncio, Decotelli pede demissão do Ministério da Educação Inconsistências, como disse o governo, no currículo do ex-futuro ministro provocaram a saída repentina

Cinco dias após sem anunciado e antes da nomeação ser publicada no Diário Oficial da União, Carlos Alberto Decotelli desistiu de ser ministro da Educação de Jair Bolsonaro (ex-PSL) e pediu para sair.

Decotelli, 67 anos, economista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), oficial da reserva de Segunda Classe da Marinha e ex-presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), seria o terceiro ministro da Educação de Bolsonaro. Entraria no lugar de Abraham Weintraub, demitido por atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) e causar desgaste entre os poderes, que fugiu para os Estados Unidos com receio de ser preso.

Apesar de ainda não ser oficialmente ministro, Decotelli entregou uma carta de demissão ao presidente nesta terça-feira (30), após uma série de denúncias fraudes em seu volumoso e mentiroso currículo.

Assim que o Decotelli foi anunciado como ministro e seu currículo foi publicado pela assessoria do Ministério da Educação, várias entidades nacionais e internacionais divulgaram notas desmentindo que ele tenha concluído mestrado ou doutorado como dizia o documento.

O reitor da Universidade Nacional de Rosario, da Argentina, Franco Bartolacci, negou que Decotelli tenha feito doutorado na institutuição. Da Alemanha também veio um desmentido. Decotelli não fez pós-doutorado na Universidade de Wuppertal, como constava no seu currículo.

Decotelli havia se reunido com Bolsonaro na segunda-feira (29) para explicar as "inconsistências" ou "equívocos", como o governo definiu as mentiras, mas não falou sobre o item sobre a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A FGV divulgou nota negando que o economista tenha sido professor efetivo ou pesquisador por lá, como consta em seu currículo. Decotelli “atuou apenas nos cursos de educação continuada, nos programas de formação de executivos e não como professor de qualquer das escolas da Fundação", diz trecho da nota.

Além disso, segundo reportagem publicada pelo portal UOL, ele é acusado de copiar quatro trechos de outras dissertações de mestrado e textos acadêmicos na introdução de seu trabalho de mestrado, apresentado em 2008 para a FGV Rio de Janeiro, com o título Banrisul: do PROES ao IPO com governança corporativa.