23/09/2021
Atualizada: 23/09/2021 21:49:15


Através do presente, as respectivas direções das entidades sindicais ADUFAL e SINTUFAL lamentam profundamente o pronunciamento do Reitor da Universidade Federal de Alagoas em uma mesa no Fórum Alagoano de Prevenção ao Suicídio esta semana. Em seu desabafo, como ele próprio denominou, classificou de covardes os servidores que “se esconderam na pandemia, ficaram em casa, tinham conhecimento técnico e não deram sua contribuição na pandemia”.

Exatamente na semana em que a Câmara dos Deputados analisa e vota a PEC 32, que trata da destruição dos serviços públicos, privatizações de todas as áreas, fim dos concursos públicos, fim da gratuidade, e, sobretudo, destruição da noção de DIREITOS para impor a mercantilização da Vida, a fala do Reitor cai como um combustível na fogueira da destruição dos bens públicos e da Universidade Pública.

É grave, também, a descontextualização do cenário da Pandemia e suas consequências em nossa realidade. Não é possível tratar dos impactos da Pandemia sem tratar dos impactos das políticas neoliberais, dos ataques a todas as políticas sociais, desde o GOLPE de 2016, a exemplo da EC 95/16 que congelou os orçamentos públicos das políticas sociais por 20 anos, e vem fazendo definhar a sustentação financeira dos serviços públicos prestados à população brasileira. Nem podemos deixar de destacar os ataques de um governo negacionista, obscurantista, que despreza a Ciência, a Universidade, e que tem uma postura genocida por não ter uma condução adequada para enfrentamento da crise sanitária, humanitária, social e econômica do momento.

Não é possível analisar a realidade dos servidores públicos, tanto dos que foram para a linha de frente colocando em risco suas vidas, quanto os que ficaram em trabalho remoto, sem considerar a ausência de condições de infraestrutura da instituição. Como não mencionar a falta de EPIs e insumos básicos no início da

Pandemia para os servidores do HU? Como não considerar que os custos do trabalho remoto ficaram como ônus do/as trabalhadores/as, visto que não foram fornecidos nem equipamentos, nem pacote de dados para tal?

É estarrecedor a falta de compreensão sobre o adoecimento físico e mental, pois temos que lidar com inseguranças e incertezas sobre a própria saúde, de familiares e amigos. Neste longo período de Pandemia, que ainda não acabou, vivenciamos muitos momentos de luto, os efeitos do confinamento, as alterações na vida familiar, a invasão do espaço privado doméstico pelo trabalho. Sim, no trabalho remoto, a nossa jornada de trabalho ficou maior, mais complexa, mais tensa. O Reitor da instituição precisa lembrar que os impactos da Pandemia são maiores do que o quantitativo de servidores que teve infecção provocada pelo vírus COVID-19.

Para que houvesse o reconhecimento justo de uma parcela dos trabalhadores que estiveram exercendo suas atividades presencialmente, não era necessário se fazer acusações públicas àqueles que exerceram as suas funções remotamente. Caso tenham ocorrido negligências ou omissões por parte de alguns poucos servidores, então que se procedessem aos meios administrativos cabíveis para a devida apuração das responsabilidades. Por parte da gestão da Universidade, sempre esperamos a defesa e a valorização do conjunto dos servidores da instituição.

A ADUFAL e o SINTUFAL se solidarizam com todos/as servidores/as docentes e técnico-administrativos, indistintamente atingidos por um adjetivo injusto, numa fala totalmente infeliz e equivocada do Reitor. O trabalho remoto foi uma medida correta e necessária para lidar com a Pandemia. Infelizmente, milhares de trabalhadores/as não puderam usufruir dessa medida de proteção e bloqueio da propagação do vírus, acentuando a desigualdade social neste país.

Repudiamos qualquer tentativa de inverter a noção de direitos, classificando-os como privilégios, quando os direitos devem ser estendidos a todos/as e não suprimidos/as ao tempo em que reivindicamos a retratação pública da reitoria da universidade pelo pronunciamento infeliz e desnecessário justamente em um evento que tinha como norte central a defesa da vida.

Maceió, 23 de setembro de 2021.


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