01/02/2022
Atualizada: 01/02/2022 18:08:45

Reprodução/TV Gazeta

Em entrevista concedida ao programa Bom dia Alagoas, da TV Gazeta, na última segunda-feira (31), o presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Alagoas (Adufal), professor Jailton Lira, falou sobre as mudanças que ocorrerão na educação e no futuro dos adolescentes brasileiros com o Novo Ensino Médio, criticando a nova metodologia.

De acordo com o especialista em Educação, a proposta partiu do pressuposto de que os estudantes tinham dificuldade de assimilar conteúdo do ensino médio em razão da carga horária, que se considerou elevada, além de pouca motivação no sentido profissional, uma vez que o ensino médio, até então, não possuía nenhuma relação entre a vida profissional e pessoal dos alunos e alunas.

“A reforma procura flexibilizar o currículo e integrá-lo à formação técnica e profissional. O grande problema nesta proposta é que ela não foi discutida com a sociedade brasileira, de maneira que a própria adaptação a essa lei vai sofrer uma série de dificuldades nessa fase inicial de implementação”, explicou Jailton Lira.

Criada em 2017, a reforma do ensino médio foi estabelecida através da Lei nº 13.415/2017, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e estabeleceu uma mudança na estrutura de todo o ensino médio.

A proposta de contrarreforma do ensino médio foi alvo de profunda crítica e mobilização pela comunidade escolar, inclusive pelo ANDES-SN, que desde 2016 é contrário à BNCC e à reforma do Ensino Médio, com decisões congressuais, notas de repúdio e várias publicações sobre os ataques à Educação Pública, como forma de municiar a categoria e toda a sociedade para o debate e enfrentamento.

Uma das principais mudanças na reforma do novo ensino médio está na carga horária, que sairá das 800 horas/anuais para até 1400 horas/anuais. Outra mudança está na composição de ensino, que terá base curricular comum a todos os estudantes e estará acompanhada de um percurso formativo que ficaria à escolha do estudante, de acordo com a sua motivação e interesse profissional.

No setor público, segundo o professor Jailton Lira, não há conhecimento se essas escolhas pessoais e profissionais se darão a partir de um leque amplo de opções ou se haverá opções restritivas em razão da escassez de recursos que a educação pública vem enfrentando.

“A nossa expectativa e que, infelizmente, deverá ser confirmada, é de que boa parte dos estudantes de baixa renda façam opção pela escolha técnica e profissional, porque precisam entrar no mercado de trabalho, e fiquem em desvantagem em relação àquele perfil de estudante de classe média e classe média alta que, provavelmente, terá tanto a opção de ciências gerais, portanto estará apto a prestar o vestibular, como também poderá fazer a opção de uma carreira técnica e profissional no decorrer do curso”, disse Jailton Lira.

“A questão que a gente coloca como ponto de crítica é que esta escolha se dá de maneira muito prematura, porque são jovens que a partir dos 15 anos já são propelidos a fazer uma escolha profissional para toda a vida. Então, na nossa avaliação, essa escolha acaba sendo muito precoce”, continuou Lira.

Segundo o professor Jailton Lira, se o estudante fizer a opção por uma carreira técnica e profissional, ele não terá acesso às disciplinas que fazem parte do núcleo comum do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

“Inevitavelmente, aquele estudante de baixa renda, da classe trabalhadora, terá muita dificuldade em prestar o vestibular, porque ele não terá acesso a esse campo do conhecimento”, disse o especialista em Educação.

A entrevista completa pode ser conferida clicando aqui. 

Fonte: Vanessa Ataide/Ascom Adufal *sob supervisão

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