29/10/2015
Atualizada: 29/10/2015 00:00:00
Há anos os Hospitais Universitários (HU) federais sofrem com precarização e falta de recursos, que atingem diretamente a população atendida e também a qualidade do aprendizado dos estudantes da área da saúde. A solução apresentada pelo governo federal no último dia de 2012 foi privatizá-los por meio da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), o que gerou grande resistência das comunidades acadêmicas. Muitas universidades aderiram à Ebserh, algumas delas de maneira completamente antidemocrática, por meio de “canetaços” de seus reitores.
Dois dos hospitais que não foram privatizados, graças à força dos movimentos contrários à Ebserh, estão no estado do Rio de Janeiro. São o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, conhecido como Hospital do Fundão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e o Hospital Universitário Antonio Pedro (Huap), da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ambos os hospitais ganharam recentemente as manchetes dos jornais por conta de sérios problemas orçamentários que têm enfrentado, após a série de cortes realizados pelo governo federal em nome do ajuste fiscal.
O Hospital do Fundão quase ficou sem comida para seus pacientes por conta de uma dívida entre a universidade e a empresa terceirizada de alimentação, em cerca de R$1,6 milhão. Na quinta-feira (22), a empresa anunciou que, caso não houvesse pagamento, deixaria de servir as refeições a partir desta segunda-feira (26). A UFRJ, no entanto, regularizou a situação temporariamente, e as refeições seguem sendo servidas. A instituição ainda tem dívidas acumuladas em R$ 12 milhões de reais com a empresa fornecedora da alimentação.
Já o Huap, da UFF, teve que interromper a realização de cirurgias eletivas até o dia 3 de novembro. A direção do hospital enviou documento ao Ministério Público Federal, no qual relata a falta de insumos, como desabastecimento de materiais médico-hospitalares para pacientes internados. Além disso, faltam materiais para procedimentos de apoio diagnóstico e terapêutico. O hospital teve que recorrer a empréstimos de materiais e medicamentos para realizar cirurgias.
Renata Vereza, presidente da Associação dos Docentes da UFF (Aduff – Seção Sindical do ANDES-SN), afirma que o sindicato está acompanhando o processo de precarização do hospital, e que a alternativa aos problemas financeiros vividos não pode ser a privatização por meio da Ebserh. “A alternativa para má gestão é a boa gestão, e não a privatização. Há quem tente se aproveitar desse momento de crise para tentar implementar a Ebserh, mas os docentes, servidores e estudantes se manterão firmes na luta contra a privatização dos hospitais universitários”, diz.
Na manhã desta quarta-feira (28), a comunidade acadêmica da UFF realizou manifestação no Conselho Universitário (CUV) contra o fechamento e a privatização do Huap. No dia 5 de novembro, será realizado ato, com a mesma reivindicação, em frente ao hospital e, no dia 9, haverá uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Niterói para discutir o tema.
Hospital da UFRJ é pioneiro em cirurgia em pacientes com síndrome de Down
No dia 16 de outubro o Hospital do Fundão inaugurou a primeira unidade cirúrgica do país para acolher pessoas com síndrome de Down e outras necessidades específicas. O diretor-geral do hospital, Eduardo Côrtes à EBC que a unidade tem mais privacidade para pacientes e familiares. “Nossas enfermarias são de quatro e seis leitos. Às vezes, as pessoas com síndrome de Down falam com muita dificuldade, engolem com muita dificuldade. Por isso, tem de colocar a família junto. A sala cirúrgica é comum, mas a unidade é um quarto espaçoso, com sofá-cama e espaço para toda a família ficar, inclusive com um banheiro específico”, disse o docente.
*Com informações de EBC, O Dia, O Globo e O Fluminense. Imagem de UFRJ.