21/08/2025
Atualizada: 21/08/2025 11:43:32

Arte: Ascom Adufal

A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Alagoas (Adufal) realizou, nos dias 18 e 19 de agosto, o 2º Seminário Universidade em Debate. O evento, gratuito, acessível em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e com emissão de certificado, aconteceu no auditório do Laboratório de Computação Científica e Visualização (LCCV), no Campus A. C. Simões da Ufal, em Maceió.

Ao longo dos dois dias, o Seminário reuniu docentes, estudantes e demais integrantes da comunidade acadêmica para debater temas urgentes e atuais relacionados à educação superior no Brasil e, em especial, à categoria docente.

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A programação do evento contou com a realização de quatro mesas-redondas e todas elas foram transmitidas ao vivo. Confira a seguir o link de acesso para cada uma delas:

Clique aqui para assistir a transmissão da Mesa 1.

Clique aqui para assistir a transmissão da Mesa 2.

Clique aqui para assistir a transmissão da Mesa 3.

Clique aqui para assistir a transmissão da Mesa 4.

Primeiro dia – 18 de agosto

A abertura do evento foi realizada oficialmente pelo presidente da Adufal, professor Jailton Lira, que também foi o mediador da primeira mesa de discussão do Seminário. Durante esse momento inicial, o docente fez um breve resumo sobre a atividade e agradeceu a presença e participação de professores/as e estudantes presentes.

A Mesa 1, com o tema “Conjuntura política e econômica nacional e avanço da extrema-direita”, reuniu a cientista social, professora da Universidade Federal do ABC (UFABC) e presidenta da Associação dos Docentes da UFABC (ADUFABC), Maria Carlotto; e o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac) da Ufal e membro do Conselho Superior da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), Cícero Péricles.

Mesa 1 ocorreu na manhã do dia 18 de agosto. Foto: Karina Dantas/Ascom Adufal

Durante o debate, foram abordados os impactos da atual conjuntura nas políticas públicas, o avanço de pautas conservadoras e os desafios para a democracia brasileira.

O economista Cícero Péricles começou sua participação com uma apresentação que trouxe uma retrospectiva de características, dados e índices econômicos dos governos federais de 2003 até o atual governo.

“A gente não pode compreender o processo econômico atual se não olharmos para trás, sem fazermos uma retrospectiva a partir de uma experiência de um governo democrático, que tivemos ali entre 2003 até 2015, para em seguida termos o intervalo de 2016 até 2022, com os governos Temer e Bolsonaro, e o retorno da experiência de um governo popular em 2023”, destacou o docente.

Cícero Péricles é economista e professor do Programa de Mestrado em Geografia/IGdema-Ufal. Foto: Karina Dantas/Ascom Adufal

Em sua fala, a cientista social Maria Carlotto ressaltou a importância dos governos democráticos para o melhor desempenho da dinâmica que envolve a economia e a política, em especial no contexto da defesa da democracia.

“É preciso construir poder e políticas capazes de unificar a base que vai defender o ponto de vista popular e a democracia, porque a democracia é um pacto político de distribuição de renda, de distribuição de poder. Por isso é que os governos democráticos populares foram tão transformadores”, salientou.

Maria Carlotto é cientista social, professora da Universidade Federal do ABC (UFABC) e presidenta da ADUFABC. Foto: Karina Dantas/ Ascom Adufal

Clique aqui para conferir as fotos da Mesa 1.

Já a Mesa 2, tratou da “Política de financiamento das universidades, ciência e tecnologia”. As debatedoras foram a farmacêutica, pesquisadora e docente do Instituto de Química e Biotecnologia (IQB/Ufal), Marília Goulart; e a doutora em Educação e vice-presidenta da Adufal, professora Irailde Correia. A mediação da mesa ficou sob responsabilidade da diretora de Política Sindical da Adufal, professora Sandra Lira.

A professora Marília Goulart abriu as discussões da mesa apresentando um panorama do financiamento da pesquisa no Brasil, destacando que o país ainda possui pouco investimento em pesquisas científicas quando comparado a países como Estados Unidos da América, China e Alemanha.  

“Recentemente saiu o Plano Nacional de Pós-Graduação para os próximos cinco anos (2024-2028) que é muito interessante, mas hoje nós estamos vivendo um processo em que os nossos doutorandos e mestrandos estão tendo um problema sério de se colocarem no mercado. Nós não temos mais um programa de pós-doutorado como tínhamos três ou quatro anos atrás, então há necessidade de uma retomada”, explicou a cientista.

Marília Goulart é docente do Instituto de Química e Biotecnologia (IQB/Ufal) e, atualmente, também integra o Conselho Superior da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Foto: Karina Dantas/Ascom Adufal

Por sua vez, a professora Irailde Correia falou sobre o Plano Nacional da Educação (PNE), explicando desde a sua importância para construir uma educação democrática em todo o país, até os detalhes relacionados ao financiamento, objetivos, problemas e expectativas.

“Nesse momento está em discussão, no Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação para os próximos 10 anos, que é um plano que deve ser discutido por absolutamente todos os setores e segmentos da sociedade. Quando a gente fala em um plano de educação, não podemos fazer um planejamento para daqui a um ano, somente. Por isso, a própria Constituição prevê que o plano seja decenal, para garantir a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades”, pontuou a vice-presidenta da Adufal.

Irailde Correia é mestra e doutora em Educação e vice-presidenta da Adufal. Foto: Karina Dantas/Ascom Adufal

Clique aqui para conferir as fotos da Mesa 2.

Segundo dia – 19 de agosto

A programação da atividade foi retomada pela manhã do dia 19 de agosto com a Mesa 3, que discutiu “Assédio moral e discriminações no ambiente acadêmico”. As debatedoras foram a professora do curso de Serviço Social da Ufal em Palmeira dos Índios, mestra e doutora em Serviço Social, Marli Araújo; e a atual diretora da Faculdade de Direito de Alagoas (FDA/Ufal), mestra e doutora em Sociologia, Elaine Pimentel. Já a mediação da mesa ficou com a tesoureira da Adufal, professora Rosangela Reis.

Iniciando as discussões, a professora Marli Araújo fez uma apresentação que abrangeu a definição do assédio moral, detalhando suas características, como ele se manifesta dentro do ambiente acadêmico, além de enfatizar a importância da universidade debater o assunto a partir do contexto étnico-racial também.

“Temos que começar a pensar a questão étnico-racial de uma forma muito ampla na Ufal. (...) Não se trata apenas de um problema individual, é [um problema] institucional. E, sendo institucional, precisa de um debate amplo, precisa estar em todas as instâncias, não é só Consuni, são todas as Pró-reitorias, os institutos, centros e faculdades, colegiados de cursos, enfim, todo mundo vai ter que fazer esse debate”, pontuou a docente.

Marli Araújo é docente do curso de Serviço Social da Ufal em Palmeira dos Índios, mestra e doutora em Serviço Social. Foto: Vanessa Ataíde/Ascom Adufal

Continuando o debate da mesa 3, a professora Elaine Pimentel abordou os aspectos sociológicos, jurídicos e institucionais relacionados ao assédio moral no ambiente de trabalho, que impactam na saúde e qualidade de vida do trabalhador e trabalhadora.

"O assédio moral consiste na violação da dignidade ou integridade psíquica ou física de outra pessoa por meio de conduta abusiva. E acontece por ação e por omissão também", explicou Pimentel.

Elaine Pimentel é docente e atual diretora da Faculdade de Direito de Alagoas (FDA/Ural). Foto: Vanessa Ataíde/Ascom Adufal

Clique aqui para conferir as fotos da Mesa 3.

Por fim, a Mesa 4 encerrou o Seminário com o tema “Adoecimento docente: produtivismo, burocracia e os desafios à saúde mental”. O engenheiro e doutor em Educação, Armenes Ramos, ao lado da psicóloga e doutora em Saúde Pública, Cristina Camelo, mediados pela diretora de Divulgações e Imprensa da Adufal, Socorro Dantas, discutiram o excesso de demandas acadêmicas, o impacto da pressão por produtividade e a importância de políticas institucionais de cuidado e prevenção.

Segundo a docente do Instituto de Psicologia (IP) da Ufal, Cristina Camelo, que iniciou o debate da mesa-redonda 4, o “adoecer” está geralmente interligado ao contexto em que se vive, possuindo níveis de intensidade e complexidade diferentes para cada indivíduo.

“Nós precisamos sair desse lugar de ações imediatas, rápidas e que se realizam de dois em dois anos ou de três em três. Isso não vai resolver o problema da organização do trabalho que adoece, porque ele envolve, inclusive, instâncias nacionais que estão fora do poder da universidade”, declarou a psicóloga.

Cristina Camelo é professora associada do Instituto de Psicologia (IP/Ufal) e doutora em Saúde Pública. Foto: Karina Dantas/Ascom Adufal

Por conseguinte, o professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Armenes Ramos, fez um panorama sobre o produtivismo, adoecimento e morte relacionados ao trabalho no mundo e, posteriormente, analisando o quadro nacional, nas universidades.

“Por um lado, é muito mais produtivo [utilizar novas máquinas tecnológicas], por outro lado, sobra mais carga [de trabalho] para quem vai ficando. Então, isso (…) é uma característica geral da evolução tecnológica, do desenvolvimento das forças produtivas. Marx já havia percebido, entre 1850 e 1860, que com todo o aumento da riqueza aumenta a pobreza”, ressaltou Ramos.

Armenes Ramos é professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e diretor do Sindicato dos Docentes da UTFPR (SINDUTF-PR). Foto: Karina Dantas/Ascom Adufal

Clique aqui para conferir as fotos da Mesa 4.

Certificados

Quem se inscreveu e participou presencialmente do evento poderá obter o certificado de 3h por cada mesa-redonda, podendo somar até 12h de certificação, caso tenha participado de todas as mesas.

Os certificados serão enviados automaticamente nos próximos dias para o e-mail cadastrado no momento da inscrição.

Avaliação e expectativas

Para o presidente da Adufal, o evento cumpriu seu papel de fomentar reflexões críticas e de fortalecer a defesa da universidade pública e a categoria docente. De acordo com o docente, a expectativa é ampliar ainda mais a atividade e diversificar os temas abordados nas próximas edições.

“Retomamos esse seminário após seis anos da primeira edição e esperamos que a partir de agora ele faça parte do cronograma anual de atividades da Adufal, porque é um ambiente muito enriquecedor e que promove a ampla participação da comunidade acadêmica, discutindo temas contemporâneos e fundamentais para a formação do conhecimento político”, concluiu Jailton Lira.

Professor Jailton Lira, docente do Centro de Educação (Cedu) da Ufal e presidente da Adufal. Foto: Karina Dantas/Ascom Adufal

 

 

 

Fonte: Vanessa Ataíde e Karina Dantas/Ascom Adufal

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