16/03/2013
Atualizada: 16/03/2013 00:00:00

Estagiária Emanuelle Rodrigues

 

Amigos e familiares expressam dor e saudade e fazem protesto contra a impunidade em caminhada na praia, neste domingo (17), e Ato Público em frente ao Fórum do Barro Duro, na segunda-feira (18)

 

Passados quase dez anos do assassinato do professor Paulo Bandeira, os acusados desse crime bárbaro que horrorizou Alagoas e teve repercussão nacional vão, enfim, a julgamento nesta segunda-feira (18), no Fórum do Barro Duro. Serão julgados o empresário e ex-prefeito de Satuba, Adalberon de Moraes e os policiais militares Ananias Oliveira Lima e Augusto Santos Silva. O primeiro é acusado de mandar matar e os outros dois, de executar o crime.

Em luta por justiça, pelo exercício pleno da cidadania, por uma escola pública administrada com transparência e pelo fim da impunidade, a Associação dos Docentes da Universidade de Alagoas (Adufal) e o Programa Ufal em Defesa da Vida ao lado de amigos e familiares do professor Paulo, realizam neste domingo (17), uma caminhada com concentração às 9h30 no Corredor Vera Arruda na Jatiúca. Na segunda-feira a mobilização vai acontecer a partir das 11h, em frente ao Fórum, onde será realizado um Ato Público.

O objetivo dessas manifestações, segundo os realizadores, é expressar a dor e a saudade que se misturam nesse momento à crua e triste realidade de perder alguém para a violência e ainda ter que lidar com a impunidade.

“A dor da perda do Paulo não é uma dor somente minha: é bem maior que isso! É muito maior que o meu sofrimento e maior que o sofrimento da minha família. É uma perda social que agride a todos nós cidadãos trabalhadores, que exerçamos funções na educação, ou não”, disse Cilene Bandeira, viúva de Paulo Bandeira, professora aposentada do Centro de Educação (Cedu) da Ufal e associada da Adufal.  

Para ela, buscar justiça para o caso Paulo Bandeira é lutar para que exista punição para os que agridem a dignidade, destroem sonhos e querem calar as vozes que se levantam contra a violência, a injustiça e contra a desonestidade no serviço público. “É lutar a favor da vida e de poder ter o direito de ser digno e honesto sem que para isso tenha que morrer”, evidencia.

O professor Paulo Bandeira foi torturado, acorrentado e queimado vivo dentro do próprio carro por denunciar desvios de verba federal da educação na cidade de Satuba. Foi visto vivo pela última vez no dia 2 de junho de 2003. De lá pra cá, foram realizadas investigações policiais -inclusive pela Polícia Federal - que constataram as denúncias feitas pelo professor antes de morrer. ”A partir de coisas aparentemente pequenas que ele apontou, as improbidades foram comprovadas. Paulo Bandeira trouxe à tona as falcatruas que ali estavam sendo feitas ”, observa Cilene.

Adalberon de Moraes, o acusado de mandar matar Paulo Bandeira, já esteve preso algumas vezes por outros crimes como o de também mandar matar o assessor parlamentar Jeams da Silva e o de superfaturamento, estelionato, uso de notas fiscais irregulares, fraude em licitações e aplicação irregular de verbas públicas. Porém, segundo, Cilene Bandeira, ele nunca foi preso pela morte do professor Paulo Bandeira.

“O que impediu a justiça de já ter realizado o julgamento desse caso?, indaga a professora Cilene que confessa sentir imenso desânimo diante do desamparo provocado pela inércia da Justiça, chagando a dizer que vai se fazer presente ao julgamento, apenas para cumprir um ritual.

“Depois de tanto tempo de impunidade, mesmo se houver condenação para os culpados, eu não acho que se esteja fazendo justiça. Isso não é justiça: meus filhos cresceram sem o pai, eu perdi meu companheiro, a sociedade perdeu o convívio com um homem honesto e amoroso, a educação ficou sem um professor zeloso e atuante, seus alunos não puderam mais ouvir seus ensinamentos sobre a arte e a vida”, reflete.

Mas quem disse que esse pensamento desanimado vai mais longe que isso? Imediatamente a professora Cilene Bandeira, retoma seu lugar, apruma seus ombros e diz que não é porque o professor Paulo Bandeira foi assassinado que a luta por uma sociedade justa e por um sistema educacional público administrado de maneira transparente vai arrefecer.

Pelo contrário, Cilene diz que cada vez mais vai ficando mais claro que é preciso dar continuidade a luta. “O professor Paulo plantou uma semente fecunda e nós vamos cultivá-la até vê-la florescer e frutificar. A impunidade é uma ameaça que tem se eternizado em meio a nós, mas nós vamos afastá-la de nossas vidas”, afirma perseverante.

Para ela, quando os maus atos não são punidos, os facínoras criam asas. E do contrário: quando existe, de fato, a punibilidade, até o ímpio freia. "Diante da punição eles pensam duas vezes no prejuízo que poderão ter".

Educador muito querido - Paulo Henrique da Costa Bandeira tinha 45 anos, era graduado em Educação Artística. Professor de Artes na Escola Municipal Josefa da Silva Costa, em Satuba, ele também ensinava Artes, Desenho e Geometria em escolas públicas de Maceió e no Colégio Marista. Era um educador muito querido entre alunos e colegas de profissão.

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