21/07/2021
Atualizada: 21/07/2021 17:56:36


A diretoria da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Alagoas (Adufal) manifesta o seu mais veemente repúdio ao pronunciamento do ministro da Educação, Milton Ribeiro, realizado nesta terça-feira (20), que defendeu, em rede nacional de rádio e TV, o retorno das aulas presenciais em todo o país.

“Quero conclamá-los ao retorno às aulas presenciais. O Brasil não pode continuar com as escolas fechadas, gerando impactos negativos neste e nas futuras gerações”, disse Ribeiro que, em 1º de julho deste ano, já havia defendido o retorno das atividades educacionais presenciais em uma audiência pública no Senado Federal:

"O Brasil é, infelizmente, um dos últimos países do mundo a reabrir as escolas. E não há que se dizer que o assunto foi a vacinação. Acabo de chegar da Itália e lá os países estão todos retornando, alguns com porcentagem de vacinação inferior ao Brasil”, afirmou Ribeiro.

No entanto, um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) apontou que ainda há falhas nos protocolos de reabertura das escolas, uma vez que não são levados em consideração alguns critérios de cuidados já comprovados pela ciência e definidos como importantes para evitar a contaminação pela Covid-19 nas instituições de ensino, como a ventilação dos espaços e o escalonamento no transporte público para evitar aglomeração.

O Brasil enfrenta um cenário de desafios acerca da vacinação contra a Covid-19. Até às 20h desta terça-feira (20), segundo dados divulgados pelo consórcio dos veículos de imprensa, apenas 43% da população brasileira estava vacinada com a primeira dose da vacina contra a doença, ou seja, o país sequer alcançou metade de sua população com a primeira etapa da imunização.

A Adufal entende ser inadmissível instigar o retorno das aulas presenciais, arriscando a vida de milhares de brasileiros/as, enquanto o país enfrenta o luto pelas mais de 540 mil vidas levadas pela Covid-19 – muitos que morreram na espera da vacinação – e vê surgir uma série de escândalos sobre a compra de vacinas, expostos durante a CPI da Covid-19.

Não bastasse esta situação, a educação pública enfrenta também uma série de ataques vindos do Governo Bolsonaro, a exemplo dos cortes no orçamento das universidades federais, que neste ano, sofreram uma redução de 37% nas despesas discricionárias, se comparadas às de 2010 corrigidas pela inflação. A queda afeta recursos destinados a investimentos e despesas correntes, como pagamento de água, luz, segurança, além de bolsas de estudo e programas de auxílio estudantil.

Diante de um cenário como este, a diretoria da Adufal compreende como irresponsável e perigoso o pronunciamento do ministro da Educação, Milton Ribeiro, que não somente relativiza as crises sanitária, econômica e educacional que o país enfrenta atualmente ao convocar o retorno das aulas presenciais, como também parece não entender os riscos de aumento da transmissão da Covid-19 que a reabertura das instituições de ensino traria, principalmente quando o governo sequer possui um protocolo de retorno às aulas que atenda às necessidades do atual momento.

A entidade continua a defender que as atividades educacionais das instituições de ensino sejam retomadas somente após a imunização em massa da população, quando as condições sanitárias permitirem, com a garantia de um protocolo de retorno às aulas presenciais.

Maceió, 21 de julho de 2021
Diretoria da ADUFAL

Fonte: Ascom Adufal

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