23/07/2024
Atualizada: 23/07/2024 18:00:26
A greve docente na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) iniciou no dia 29 de abril deste ano e durou 65 dias, encerrando em 3 de julho. No entanto, as articulações para avançar na negociação com o governo federal e para construir o movimento grevista iniciaram muito antes desse período.
Nesta matéria especial, a Associação dos Docentes da Ufal (Adufal) relembra sua atuação nos últimos meses, apresentando o histórico da luta docente na Campanha Salarial 2024. Confira a seguir:
A Adufal já acompanhava a construção da Campanha Salarial 2024 desde o ano passado, a exemplo da assembleia realizada em 19 de dezembro de 2023, quando foram apresentadas aos docentes as atualizações da última rodada de negociação com o governo à época. Na ocasião, a Diretoria da entidade também reforçou a importância da união da categoria para defender os direitos que estavam sendo ameaçados diante da atual conjuntura política.
Em fevereiro deste ano, o Setor das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) rejeitou a proposta do governo federal para reajuste salarial, que consistia no congelamento dos salários das/os Servidores Públicos Federais (SPFs) em 2024 e o reajuste salarial de 9%, em duas parcelas iguais de 4,5%, em maio de 2025 e maio de 2026.
No dia 28 de fevereiro, a Adufal esteve na mobilização dos SPFs, que ocorreu em Maceió, com o objetivo de dialogar com a sociedade sobre as reivindicações da categoria acerca da recomposição salarial, reestruturação das carreiras e a equiparação dos benefícios entre servidores/as do Executivo com os demais poderes.
Foi ainda nesse mês que a construção de greve nas universidades federais foi aprovada durante o 42º Congresso do Andes-Sindicato Nacional (SN), evento do qual a Adufal também participou.
No dia 21 de março, ocorreu a primeira assembleia convocada para discussão do cenário de greve. Na ocasião, foram apresentadas aos docentes as reivindicações dos Servidores Públicos Federais em relação à Campanha Salarial 2024, iniciando o diálogo sobre a possiblidade de greve na Ufal.
Ainda em março, com o objetivo de facilitar o acesso às informações sobre o status da greve ao redor do país, a Adufal criou uma planilha online com a lista das seções sindicais do Andes-SN e como cada uma delas se posicionava em relação à greve docente.
Neste período, a Diretoria da Adufal passou a se dividir ainda mais entre Alagoas e Brasília, considerando que era neste último local onde ocorriam as reuniões do setor das Ifes, na sede do Andes-SN.
Dando continuidade às articulações em prol da negociação com o governo, a Diretoria da Adufal se reuniu com o deputado Paulão (PT), no dia 2 de abril, para apresentar as reivindicações dos SPFs quanto à Campanha Salarial e reforçar a necessidade de haver um diálogo mais amplo com os deputados federais, principalmente os da bancada progressista.
No mesmo mês, diante da importância de dialogar sobre a possibilidade da greve da educação, e principalmente para elucidar os questionamentos que surgiram nesse processo, a Adufal reuniu as principais dúvidas sobre o assunto e respondeu cada uma delas em uma publicação especial, divulgando-a amplamente no site e redes sociais da entidade.
Entre os dias 16 e 18 de abril, integrantes da diretoria da Adufal marcaram presença na Jornada de Luta, que apresentava o tema “Não aceitaremos 0% de reajuste”, convocada pelo Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) e realizada em Brasília.
Ainda em abril, a Adufal divulgou uma atualização e os documentos sobre a Campanha Salarial 2024 para manter a base docente por dentro das negociações com o governo e os encaminhamentos acerca da greve.
Em 19 de abril, o governo federal apresentou uma proposta de reajuste salarial para a categoria da Educação Federal durante a 4ª rodada da Mesa Específica e Temporária da Carreira. A proposição consistia em 0% de reajuste em 2024, um reajuste de 9% em 2025 e 3,5% em 2026. Todas essas informações também foram divulgadas no site da Adufal.
Do dia 23 ao dia 25 de abril, a entidade realizou, pela primeira vez, assembleias descentralizadas, ou seja, em caráter ampliado e promovidas em três campi da Ufal (Sertão, Arapiraca e A. C. Simões) para facilitar e incentivar a participação de um maior número de docentes.
Foi durante a assembleia setorial do Campus A. C. Simões, ocorrida em 25 de abril, que ficou oficializada a decisão dos docentes da Ufal em iniciar a greve a partir de 29 de abril. No total, houve 332 votos favoráveis, 16 contrários e 12 abstenções.
26 de abril – Comando Local de Greve (CLG) dos docentes da Ufal foi instalado e realizou a primeira reunião.
26 de abril – CLG Adufal reuniu-se com Gestão da Ufal e diretores das unidades acadêmicas para discutir a suspensão do calendário acadêmico e definição das atividades essenciais.
27 de abril – Calendário acadêmico foi oficialmente suspenso.
29 de abril – Início da greve docente na Ufal.
1º de maio – Docentes da Ufal reivindicavam reajuste salarial em ato público no 1° de maio.
3 de maio – CLG Adufal divulgou atividades essenciais durante a paralisação.
6 de maio – Foi realizada plenária para escolha dos representantes do Ceca/Ufal no CLG Adufal.
6 de maio – Adufal convocou 3ª rodada de assembleias, realizadas em 8 e 9 de maio, para analisar propostas de negociação com o governo e construir agenda do movimento grevista.
9 de maio – Docentes da Ufal discutiram atual conjuntura e cenário de greve em assembleia
15 de maio – CLG Adufal realizou visitas às unidades acadêmicas do Campus A. C. Simões da Ufal.
15 de maio – Governo federal fez uma nova proposta aos docentes da educação federal.
15 de maio – Adufal convocou 4ª rodada de assembleias, ocorridas entre 20 e 22 de maio, para analisar proposta de reajuste apresentada pelo governo federal e construção da agenda da greve.
17 de maio – Diretoria da Adufal fez avaliação da proposta salarial do governo e conjuntura nacional.
22 de maio – Docentes da Ufal rejeitaram nova proposta do governo federal.
27 de maio – Governo federal assinou acordo de reajuste com a Proifes.
3 de junho – Adufal organizou e participou de ato público unificado que expôs projetos científicos da Ufal e Ifal, no centro de Maceió.
3 de junho – Adufal convocou 5ª rodada de assembleias para os dias 6 e 7 de maio com o objetivo de analisar movimento de greve e processo de negociação.
6 de junho – Adufal criou grupo oficial no WhatsApp para divulgar informações sobre a greve docente.
7 de junho – Docentes da Ufal fizeram avaliação sobre as negociações com o governo e decidiram continuar a greve na universidade.
11 de junho – Justiça atendeu pedido da Adufal e suspendeu o acordo do governo com a Proifes.
12 a 14 de junho – Adufal marcou presença em Brasília durante semana de intensa mobilização.
13 de junho – Justiça negou o pedido da Proifes e acordo com o governo permaneceu suspenso.
14 de junho – Adufal convocou a 6ª rodada de assembleias para os dias 18 e 19 de junho a fim de deliberar sobre saída ou continuidade da greve na Ufal.
19 de junho – Docentes decidiram pela continuidade da greve na Ufal.
23 de junho – CNG do Andes-SN decidiu pela saída unificada da greve até 3 de julho.
24 de junho – Adufal convocou a 7ª rodada de assembleias para os dias 1 e 2 de julho sobre deliberação de saída coletiva da greve.
27 de junho – ANDES-SN assinou o acordo com o governo após determinação das bases.
28 de junho – CLG da Adufal se posicionou sobre a greve docente.
28 de junho – Diretoria da Adufal fez análise da greve e atual conjuntura política.
2 de julho – Docentes aprovaram encerramento da greve na Ufal a partir de 3 de julho.
Ainda na semana em que foi oficializado o fim da greve da educação na Ufal, a comunidade acadêmica esteve reunida para tratar sobre o retorno das aulas. Por fim, durante sessão do Conselho Universitário (Consuni), realizada no dia 5 de julho, foi aprovado o novo calendário acadêmico 2024.1. O período iniciou oficialmente no dia 8 de julho, com as aulas retornando na semana seguinte, em 15 de julho.
Os diretores da Adufal, Carlos Müller e Sandra Lira, organizaram um documento contendo as novas tabelas salariais e explicando as variações de níveis da categoria docente, inclusive com o reajuste que incidirá em 2025 e 2026. Confira em anexo, ao final desta matéria.
Ainda que insuficientes, as conquistas resultantes da greve da educação federal são importantes e precisam ser ressaltadas, principalmente diante dos inúmeros ataques que a educação pública federal sofreu durante os seis anos de governos inimigos da educação, entre 2016 e 2022.
Confira abaixo as principais vitórias da greve da educação em 2024: